Olá… Dizem que é a forma mais correta – delicada, diria eu – de iniciar uma forma carta informal – com um destinatário incógnito, mas existente, garanto-vos. Gostaria de inventar algo novo… sei lá, ou de dizer um nome, o teu nome, mas tal seria demasiado invasivo. Mas sempre posso dizer olá amiga – já que é para um tu feminino. Sim, é isso: Olá amiga, como tens passado? Há muito tempo que não nos olhamos – há diferença, embora não pareça ente ver, é uma ação, uma capacidade biológica, é frio, tem o propósito de apenas tomar conhecimento, por vezes nem isso, de que algo existe, sem necessariamente interiorizar a sua existência. Pelo contrário, olhar necessita de atenção especial, é delicado, é um compromisso, uma responsabilidade, quase uma contemplação; o olhar é algo muito mais profundo e humano, caloroso, é perceber, é existir, é conviver, é sentir o outro; vai além da ação biológica de ver; o olhar perscruta pode até perturbar, angustiar, instigar, prender