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A mostrar mensagens de agosto, 2018

Banalidade da animizade

" Si l'on me presse de dire pourquoi je l’aimais, je sens que cela ne peut s’exprimer, qu’en répondant:   "Parce que c ’é tait lui, parce que c ’é tait moi" Michel de Montaigne Acredito categoricamente que a amizade se banalizou e vem sendo banalizada continuamente através de um individualismo egocêntrico dando lugar a uma espécie de nada, a uma animizade . Falo de amizades pontuais , não necessariamente interesseiras e mesquinhas, mas relações meramente sociais sem grande profundidade, facilmente descartáveis . Relações onde não há espaço para inimizades, mas também não deixamos que a semente da amizade germine. Podemos reconhecer nos amigos pontuais uma certa beleza, condão, algum mérito. Podemos até ficar encantados, porém não nos deixamos tocar interiormente; não deixamos que o afecto, a cumplicidade e o cuidado mútuos floresçam em nós; não nos permitimos à reciprocidade, à afinidade puramente gratuita e suficientemente forte para persistir no te

Sereia ou fadista

Quem és tu, de xaile negro que ouço na rua a cantar? Pedro Rapoula Frequentemente deixo-me surpreender pelas pequenas agridoçuras do meu quotidiano. Sim, pelas agridoçuras da vida diária, das mais minúsculas e insignificantes coisas; engraçadas, porém tristes:   uma dessas coisas como que agridoces, uma dessas coisas de rir por entre   l á grimas . 1   Após algum tempo fechado em casa, imergido na baderna do afã que tem pautado os meus dias, saí, fui para a rua (na verdade fui tratar de alguns enfados). De regresso a casa, deambulando com os meus pensamentos por ruas tão ruidosas quanto sujas, tropecei no teu canto de sereia, que me deteve, maravilhado que estava, por bastante tempo. Embora não me tenha afundado, senti-me como os velhos marinheiros que morriam seduzidos pelo canto das sereias. Não morri, não me aproximei demasiado em busca desse canto até perder a vida, contudo algo morreu em mim para nascer outra coisa, outra força. Não sei quem és, tampouco o teu n