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A mostrar mensagens de setembro, 2019

Até já, Gabriela!

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Do pouco tempo que passei no Theatro Circo, quando trabalhei com a Companhia de Teatro de Braga, recordo-lhe o sorriso e o olhar, oferendas diárias que a Gabriela a todos dirigia. Não posso dizer que fossemos amigos, as nossas tarefas, embora no mesmo edifício, não eram próximas e o tempo que por lá passei não mais permitiu. Mas cruzávamo-nos frequentemente: afinal todos pertencíamos ao Theatro Circo. Saudávamo-nos com respeito diariamente. Trocámos algumas palavras em momentos de pausa. Fazíamos graça por partilharmos o mesmo apelido: "Ainda vamos descobrir que somos primos." E sempre, sempre o olhar meigo. E sempre, sempre o sorriso encantador. E sempre, sempre uma boa palavra, um bom gesto! Fiquei chocado quando percebi que a 26.ª vítima mortal de violência doméstica noticiada nos meios de comunicação era a Gabriela. Fiquei perplexo, porque estas notícias são sempre de pessoas distantes, pessoas que não conhecemos.  De repente deixou de ser. Torn

Ensaio sobre a expressão "ó ai ólarilólela"

Num destes dias, enquanto escrevia coisas triviais como a minha dissertação sobre a prática pedagógica do teatro, ouvi, numa dessas aplicações digitais de música, uma canção cujo refrão começava com o mítico bordão "ó ai ólarilólela". Numa rápida pesquisa percebi que não há grandes explicações para este bordão, ele é isso mesmo: uma expressão popular repetida várias vezes. No entanto, esta expressão parece sintetizar todo o sentimen to nacional, todo o drama e entusiasmo de ser português. (Ainda não sei se maior que o Fado, o Vira, ou a Chula do Minho.) Se atendermos ao género musical e poemas em que esta expressão surge: género da música tradicional, quase sempre em músicas alegres que brincam com a uma postura caricaturada e conformista do povo português perante as adversidades vida: Senhora Maria, senhora Maria, o seu galo canta e o meu assobia, ólarilólela e o meu assobia. Eu quero, eu queria, passar uma noite contigo ó Maria, ólarilólela eu quero, eu quer