nihil secretorum

não vás embora não te desprendas de mim mas não te acomodes “porque sim” não apagues a luz da tua vida não te queiras na escuridão mas não te cegues com a mentira de uma ilusão não anules a tua existência não te disfarces do que não és mas não te mates correndo de lés-a-lés a vida o brilho que ela irradia há-de sempre te iluminar nuno campos monteiro 31.VII.2017

depressa tudo se desmoronou o que parecia ser verdade agora talvez engano lembro-me de um bilhete escrito por ti questiono-me     se já antevendo este dia nele escrevias «um dia olharás por cima do ombro aquilo que em tempos foi teu» estas palavras recordam-me as da sultana aixe dirigidas a boadil seu filho     quando expulsos da sua pátria « llora como una mujer lo que no supiste defender como un hombre » hoje sou eu quem te escreve regozijado pelos dias felizes evitando um último adeus meu amor     não te odeio tampouco te quero mal o caminho que decidires traçar fá-lo-ás com a minha bênção e proteção nuno campos monteiro 31.VII.2017

dormes e eu olho-te parece que te vejo por dentro      «só se vê verdadeiramente com o coração»     diz Saint-Exupéry     e eu vejo com o meu que bate por ti sem se cansar pois em ti encontra alimento que o sacia e mantém vivo dormes e eu olho-te enquanto trago à memória a noite em que os nossos corpos      se uniram pela primeira vez e o meu coração dá sinais de querer saltar do peito para se encontrar no teu dormes e eu olho-te não resisto à tentação de te enlaçar      acomodar em meus braços    para ser mais preciso e beijar os teus lábios doces e carnudos que me provocaram tanto prazer dormes qual deusa serena e com o corpo a brilhar como ouro      dádiva de apolo apenas o pudor     a ética     e o respeito me impedem de tocar no teu corpo de forma lasciva dormes qual deusa serena e eu faço a anamnese dos teus gemidos de prazer      substitutos de palavras vazias de sentimento   dos movimentos de espasmo e puro prazer resultantes da fusão dos n