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A mostrar mensagens de dezembro, 2019

sonetos meu amor

meu amor na fonte de água de cristal até onde o vento traz      pela manhã as pétalas da rosa que vimos florir a pedra brilha ao sol      estilhaça ao vento e à chuva o tempo passa por ela em redor      o mundo fala            crava na pedra vitupérios   e mais alguns desditos e desdéns que importa que o mundo fale maldizendo-nos      se fala sem razão falar sem saber não chega a ser falar é somente dizer meu amor importa sim      aquele que chegou numa tarde de junho como a flor ao coração      pés descalços ritmo lento      como que a rir e a brincar com olhos iluminados e um sorriso estranho (o mais belo sorriso       na verdade) e cresce a cada dia      segue o seu rumo na pedra abraçando os nossos nomes naquela gravados enverga um belo vestido cor de carmim      bordado de palavras egrégias cedros       abetos e rosas de espuma e para nosso deleite voluptuoso      deita-nos no mais cândido leito de cambraia de li

E por vezes tenho medo

"Porque estás tão triste, ó alma?  E porque me agitas? (Salmo 42) "Acontece-me às vezes [...] cansaço tão terrível da vida que não há sequer hipótese de acto com que dominá-lo." (Bernardo Soares) "Um cansaço de existir, De ser, Só de ser, O ser triste brilhar ou sorrir..." (Fernando Pessoa) "E por vezes os braços que apertamos nunca mais são os mesmos    [...] E por vezes fingimos que lembramos [...] E por vezes sorrimos ou choramos E por vezes por vezes ah por vezes num segundo se evolam tantos anos" (David Mourão-Ferreira) Quem me conhece sabe do meu fascínio  pelas palavras de David Mourão-Ferreira. (Homem fantástico, Professor, Poeta maior!)  São vastos os poemas seus que me transcendem. Entre eles, o soneto "E por vezes". (Já o ouviram pela boca do seu criador? Magnífico. Ou a excelente interpretação de Paulo Condessa?) Todo o poema é uma reflexão de como  "num segundo se evolam tantos anos&