Mensagens

A mostrar mensagens de 2018

verdes anos

o que será que silencio ao descobrir  o que em nós ainda mal começou serão segredos  sem ninguém para os ouvir ou serão enganos apenas medos ah     verdes são os nossos anos que sentimento-calor é este que ainda não tem nome de vida apenas um beijo que me deste  numa boca vencida e o teu olhar que não é paz apenas consolação és calor que o tempo traz (que DEUS não mo arranque da mão) talvez sejas o brando lume  o aroma do incenso do amor que eu guardo em segredo    neste cais que se chama medo   de onde embarco ao sol pôr mas em luas cheias de amor   acredita que te quero amar  numa canção  de amor infinita e como as marés ao luar   per DEUS voltarei a ti    em devoção seremos dois corações habitar um só coração  seremos dois corações nesta espuma-maré de ilusões não tenho medo de me perder e ainda que sofra mil danos   a teu lado embarcarei  a-mando morra sem DEUS   mesmo que de pecado sejam sempre  os nossos verdes anos

de ti direi apenas

de ti direi que és espaço silêncio descoberta que aos poucos me sossega e sobressalta de ti direi apenas que hoje és a minha inesperada verdade nuno malela 22.XII.2018

Vieste Saudade

vieste para seres SAUDADE o meu espetáculo a minha verdade tu que me deixas parado no tempo da nostalgia viver a eternidade quebras as ondas da corrente ofereces-me ao mar-profundidade SAUDADE     meu contratempo vai     não voltes deixa-me ser realidade 15.XII.2028
talvez seja isso mesmo talvez eu esteja apenas numa encruzilhada talvez a agulha da bússola ainda não se tenha estabilizado talvez seja isso mesmo talvez seja uma mera questão de tempo até encontrar o meu norte é      talvez seja isso mesmo talvez sim     talvez não nuno malela 08.XII.2018

simples (um abraço)

como me sabia bem agora o aconchego do teu abraço um desejo egoísta e injusto da minha parte porque apenas penso em mim mas como tu dizes sabe-nos sempre bem o nosso abraço espero ser sempre merecedor dele nuno 8.XII.2018

tu a minha primavera

quando à noite desfolho e trinco as rosas és tu a primavera que eu esperava (sophia de mello breyner andresen) era inverno           gritava ao vento que o amor era ilícito um peso      um fardo impostor bradava aos céus amargurado que amar é só sofrer e sofrer não é o meu dever o vento limitava-se a responder com o seu assobio cortante e o eco do bosque que me albergava repetia      para minha frustração o meu grito      a minha escuridão na minha cabeça soava como os sinos dos finados a condenação da minha condição a alma estava fragmentada o corpo despojado total vazio num beijo      disseste-me que      por vezes é no amor ilícito que está a pureza do corpo e a beleza da alma que a bênção é de DEUS que o amor-homem é abençoado pelo próprio amor      o amor-divino nessa noite invernosa quando desfolhei e trinquei as rosas desci ao mais fundo de mim enfrentei os meus infernos e numa perfeita catábase er

Perdão

Imagem
Retomando o projeto de criatividade escrita juntamente com Patrícia Barbosa, aqui vos deixo o segundo texto e respectiva imagem escolhida pela Patrícia. Não deixem de acompanhar o blogue  http://olivronegrodaminhalma.blogspot.com/  #desafioliterario2 II .º Perdão   Exercício sobre um amor Em respeito e honra ao parentesco, quando podia estar quieto em Argos, fui a muitas lutas a sós com Héracles, quando connosco; agora está no céu e mantenho seus filhos sob as asas e salvo, falto de salvação eu mesmo. (Eurípides in Os Heráclidas ) Querida Még, Permite-me, em memória do meu amado Héracles, que assim te cognomine, escrevo-te, não por malícia ou queixume, mas sim com compaixão e solidariedade. Não chores a morte de teu marido diz o poeta que saudades, são fé perdida, são folhas mortas ao vento -, [1] ainda que te custe a vida, pobre Még, que não seja a rua a ver-te chorar! E para quê vinganças e retaliações, adora

é com estas cores que partimos para outros voos

é com estas cores que partimos para outros voos com as cores que são o adormecer da primavera     disse eu mas podia dizer-te também que são o despertar do outono de outras primaveras mais felizes     certamente voemos para onde a palavra amigo não seja uma palavra cheia de nada vazia     gasta de matéria voemos para onde a lealdade não seja meramente uma palavra     tampouco um sentimento canino   que nos enche de incertezas voemos para onde as palavras não estejam gastas voemos como doidos que somos loucos como sempre fomos mas voemos lado a lado pois é com estas cores que partimos para outros voos 15.XI.2018 https://www.instagram.com/p/BqNYr3aAEHi/?utm_source=ig_web_copy_link

jeito de amar

Imagem
morena de olhar sereno e nectáreo beijar a vida vale bem o sorriso que eu tenho para te dar repousa no meu peito já quebrantado que jamais deixará de te amar acolho-te     morena     nos meus braços eis o meu jeito de te querer e amar 24.X.2018

Rancor

Imagem
Hoje inicio juntamente com a minha amiga e companheiro de trabalho Patrícia Barbosa, um novo projeto de criatividade literária. Publicaremos semanalmente dez textos escritos por cada um de nós com base em imagens, cores, músicas, sons, etc. escolhidos a dedo para desafiar a criatividade um do outro. Aqui fica o meu primeiro textos com a respectiva imagem escolhida pela Patrícia, bem como o link do seu blogue para que sigam o seu desafio e os textos fantásticos a que dá forma.  http://olivronegrodaminhalma.blogspot.com/  #desafioliterario1   I   Rancor Exercício sobre uma alma estilhaçada Como podeis dormir?   Que necessidade tenho de quem dorme?   Eu, menosprezada assim por vós entre os restantes mortos, não, deixo de ouvir censuras da boca dos falecidos porque matei e vagueio vergonhosamente. (Eurípides in Euménides ) Minha querida Helena, A minha vida perdeu o sentido após a morte de Efigénia, a verdadeira razão da minha existência. Sei que semp

Infectum

Não gosto de tempos imperfeitos, acções   inacabadas. S ã o como rasgos de vida, pontas soltas, penduricalhos, bandeiras gastas já sem cor. Suporto com dificuldade as reticências, as conversas suspensas. Porém o que mais me incomoda é a existência do silêncio das palavras, conversas que ficam no vácuo, que apenas foram idealizadas e, por respeito humano - talvez alguma covardia ou receio -, nunca concretizadas.   Fazem-me falta as palavras breves, mas directas   e assertivas. Não quero ser indelicado ou roçar a má educação, embora tenhas o direito à tua opinião, não tens o dever de a verbalizar… É mesmo incrível, mas podes guardá-la para ti quando não te é pedida, sabias? Muito menos direito tens de a proferires com desdém e maledicência com o propósito único de rebaixar e humilhar o outro. Fazem-me falta enunciados de menor eloquência – mas tão apropriados   a certos interlocutores! Seria tudo tão mais fácil na minha vida se não calasse as palavras gritantes como

ven acepta este mi desafío

ven        acepta este mi desafío porque te deseo la mejor de las suertes y yo te ayudo a olvidar y a perdonar el pasado      pero no te aferres a un imposible y no te hagas más daño ven        acepta este mi desafío y embarca en este navío cree que te ayudo a cortar las amarras que te atrapan como garras a tu peso tan duro ven      apresuramos la partida suelta los cabellos al viento y cambia en risa ese lamento ven      olvida el tiempo y el dolor piensa sólo en nuestro amor dame tu mano sobra conmigo la ladera porque      cree      cuando a la gente  le gusta     nadie calla el corazón ven        acepta este mi desafío 14.X.2017

olhando para trás

Imagem
o meu pensamento não te abandona e sinto na boca amarga o sal das lágrimas que deixei escapar a tarde cai leve e serena olhando para trás parece-me ver uma porta fechada sinto     então     pesar-me a fatalidade de toda uma vida efémera arde-me nos olhos nublados a luz do sol que outrora brilhava em fins de tarde plácidos e ainda trago nos olhos é a saudade     que não me abandona nem por um só instante     conjurada com a incerteza de idos destinos doloroso ou divinos não sei olho para trás para ti     para mim para nós e vou procurando 29.IX.2018

Crónica dos 30

É muito frequente ouvir algumas pessoas dizer que o tempo passa a voar. Parece que é verdade. O tempo passa mesmo tão rápido que parece voar. Quase que não dá para acreditar: ainda ontem gatinhava e hoje sopro 30 velas! É verdade, o puto faz 30 anos! Dá para acreditar? Não: eu sei. Mas os teimosos 30 chegaram e eu nem dei pelo tempo passar. Vieram acompanhados com as fantasias dos 5, com os sonhos dos 10, com as incertezas dos 15, com as expectativas sobre a vida dos 20, com as certezas de conquistar o mundo. dos 25… e de repente (uauh!) 30 anos ! É engraçado (na verdade é triste. “acho que é agridoce” 1 ) olhar para trás e ver que muitas coisas que imaginei serem certas aos 30 não aconteceram, não passaram de projectos e (des)ilusões. Como diz a grande filosofa Madalena Menezes: “é triste […], mas tem de ser”. (Isto está bem pior do que imaginei: estou a citar Madalena Menezes… vamos voltar à seriedade). Quando eu era criança julgava que aos 30 seria velho, se fosse vivo, ima

aconteceu (não fui eu)

de novo aconteceu eu não estava à espera chegou orfeu com outras deidades com o seu canto ao som da cítara e da lira desprenderam-me da concentração desataram o nó da memória zéfiro levou os meus pensamentos até junto de ti     minh'alma e todos esses meninos voadores frecheiros filhos da deusa cípria cravaram em mim fortes flechas de fogo flamando de tal modo ainda este amor ardente este amor maior que em meus olhos assiste 'não fui eu      nem foi ninguém o amor acontece na vida' das pessoas e de novo aconteceu 11.IX.2018

Banalidade da animizade

" Si l'on me presse de dire pourquoi je l’aimais, je sens que cela ne peut s’exprimer, qu’en répondant:   "Parce que c ’é tait lui, parce que c ’é tait moi" Michel de Montaigne Acredito categoricamente que a amizade se banalizou e vem sendo banalizada continuamente através de um individualismo egocêntrico dando lugar a uma espécie de nada, a uma animizade . Falo de amizades pontuais , não necessariamente interesseiras e mesquinhas, mas relações meramente sociais sem grande profundidade, facilmente descartáveis . Relações onde não há espaço para inimizades, mas também não deixamos que a semente da amizade germine. Podemos reconhecer nos amigos pontuais uma certa beleza, condão, algum mérito. Podemos até ficar encantados, porém não nos deixamos tocar interiormente; não deixamos que o afecto, a cumplicidade e o cuidado mútuos floresçam em nós; não nos permitimos à reciprocidade, à afinidade puramente gratuita e suficientemente forte para persistir no te

Sereia ou fadista

Quem és tu, de xaile negro que ouço na rua a cantar? Pedro Rapoula Frequentemente deixo-me surpreender pelas pequenas agridoçuras do meu quotidiano. Sim, pelas agridoçuras da vida diária, das mais minúsculas e insignificantes coisas; engraçadas, porém tristes:   uma dessas coisas como que agridoces, uma dessas coisas de rir por entre   l á grimas . 1   Após algum tempo fechado em casa, imergido na baderna do afã que tem pautado os meus dias, saí, fui para a rua (na verdade fui tratar de alguns enfados). De regresso a casa, deambulando com os meus pensamentos por ruas tão ruidosas quanto sujas, tropecei no teu canto de sereia, que me deteve, maravilhado que estava, por bastante tempo. Embora não me tenha afundado, senti-me como os velhos marinheiros que morriam seduzidos pelo canto das sereias. Não morri, não me aproximei demasiado em busca desse canto até perder a vida, contudo algo morreu em mim para nascer outra coisa, outra força. Não sei quem és, tampouco o teu n

aforismos

Imagem
lembro-me daquela vez no mar quando quase desistias de ti e o teus olhos perscrutaram os meus perpassando os liames loucos das inquietudes adelgaçando as vertentes insanas das perquirições em perene e urgente busca do íntimo da felicidade imanente do sonho do verbo amar mergulhado nas profundezas por onde deambula o meu ego em mim quando os interstícios absolutos da loucura indolente das lágrimas inocentes dos sorrisos verdadeiros se conjuram e instituem o après moi le déluge no rosto do tempo inócuo e iníquo nuno campos monteiro 20.VII.2018

até breve

à família   useriana de ontem      hoje e de amanhã até breve sim      porque os amigos não se despedem não dizem adeus palavra que nos encerra no tempo e espaço os amigos preferem um  até breve      vou ali e já venho e cumprem com a promessa       pois as experiências comuns aquelas que valem a pena viver devem ser partilhadas      repartidas sentidas em comum e não encerradas num adeus definitivo hoje é o meu último dia como estagiário na memória ficam momentos vividos partilhados nesta que é a nossa casa e que desde cedo me formou      permitindo-me ser a pessoa que sou hoje devo discursar      e dizer adeus com a voz embargada claro que não     se   nunca o disse        porque iria começar agora desse 1994 que fomos professor e aluno      ex-professor e ex-aluno professor e professor      sempre parceiros e para sempre membros desta família neste ano trabalhámos de igual para igual abraçámos a mesma causa vestimos a

Ex animo, Ana

Há pessoas que simplesmente marcam a minha vida. Pessoas que despertam em mim algo de especial, que folheiam o livro oculto dos meus olhos e me revelam novos e “dilatados horizontes”; que me ajudam a olhar e repensar o meu eu em função do outro. Pessoas de quem não me quere despedir, que já se tornaram linhas que traçam o desenho que sou. Pessoas com o dom da gratuidade, de uma total entrega e colaboração ao partilhar as suas experiências na investida de fazer deste mísero discípulo um possível professor. Pessoas como tu, Ana, que me ajudam a encontrar a solução possível, que me dedicam palavras de encorajamento e confiança, que me oferecem sorrisos e boa disposição, é tanto o que me dão, que não há espaço para grafar tudo. O meu profundo agradecimento. E, porque não me quero despedir de ti com um adeus , que parece definitivo, num sorriso, digo-te até já Ana, como quem diz vou ali e já venho! , porque eu volto sempre. Ex animo

cigno

come un cigno che canta la canzone più bella all'ultimo sospiro ti sussurro la notte dentro in una scorrettezza di certezze non ho alcun dominio su di me la voce della ragione cessa quando torno da te anche se giuro che non nuno campos monteiro  18.VII.2018