Insultare

insultare 
do latim saltar para cima


Ao mestre sevandija de moral.


     Advirto, em jeito de intróito, que o texto que se segue contém linguagem verrinosa. É certo que poucos a entenderão, contudo, é uma linguagem que procura o vitupério erudito.

     A boa gente que me conhece – e mesmo aquela que, conhecendo-me, ainda não atingiu a divina gratia – já sofreu, ou presenciou, a tortura provocada pelo meu "pedantismo gramatical", uma forma de TOC, que os mais recentes investigadores preferem designar POC, transformando o transtorno em perturbação obsessiva-compulsiva, contudo, ainda pouco estudada. Esta obsessão-compulsiva resulta na necessidade do individuo transtornado/perturbado corrigir qualquer erro gramatical que encontra, desde o mais crasso e frôndeo ao mais leve e inofensivo.

     A minha verdade exigi que eu admita que este meu "pedantismo gramatical", em auto ou mesmo em hétero correcção, muitas vezes se vira contra mim, um “pedante” e metrossexual da gramatica, que se pauta apenas na erudição antiga (que ele - dizem os mais íntimos - é muito antigo e cheira a mofo de sacristia”), e não tanto nas modernices tendenciosas herdeiras de uma psicosociolinguística generativa.   

     E já que falo em sacristia – distende-se a já prometida verrina – recordo o meu condão para um certo sisifismo em procurar e retirar, ofertar até, com toda a minha necessidade de pretensa e máxima entrega militante, pérolas a suínos numa instituição encriptada, que a minha educação, nobreza e respeito não me deixam revelar o nome. Os suínos a que me refiro, e que para minha amaritude, são o âmago de um estabelecimento que tem a pretensão de se reger por um carisma nobre, mas que no fundo tem pés de barro, e fede a trampa, pois é gerido por uma pandilha de verdadeiros vendilhões do templo capazes de fazer corar e inibir Judas Iscariotes ou Barrabás das suas investidas.

     O suíno-mor – correcção, bovino será um epíteto mais adequado –, Aquele Que Ama Cavalos e é mentalmente peralvilho de magna obnubilação e roscofe, eleito paredro, mesmo sendo um histrião e um bórgia, rodeia-se por autênticos réprobos soezes alimárias seus semelhantes. São no fundo sevandijas safardanas, perniciosos e estólidos, nada mais que truões sacripantas. Não nos olvidemos, outrossim daquela abentesma bonifrate da cãofraria – cujo étimo deriva do latim canis (cão) frater (irmão) –, que bom seria que fosse realmente Tocha Reluzente.

     Infelizmente, estes nefastos estultilóquios não se auto-reconhecem, pois contemplam-se em espelhos ajese,* esses espelhos da idolatria que reflectem o frontispício que se quer exibir, ocultando nos seus enredos a honra já manchada pela menorreia moral. A iconocracia impera! Falta-lhes, deveras, uma intensa revisão de vida, e de índole, e de nobreza, e de… 

     Deixo-me de delongas, que nunca mais daqui sairíamos se elencássemos todas as copulativas – que é o que todos estes sodomitas procustos desejam ardentemente ter.

     Ó destruição ardente das antigas Sodoma e Gomorra, não tardes na tua purga que os puros não olharão para trás na despedida! 


          Iudae osculum quoque ad vos, canes fratres.


São João da Foz do Douro, 23 de Julho de 2020

Nonnus Malela

 

* Cf. “Ajese doaca rocue toeuq osamo tsorue tootc ilfero an", anagrama de “Não reflicto o teu rosto, mas o que o teu coração desejo”. Vide “Espelhos dos Invisíveis” in “Harry Potter e a Pedre Filosofal” de J.K. Rowling (1997).

 


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