minha eterna boneca de porcelana fina
procuro-te
e não te encontro
não paro insisto e deambulo
por vezes são linhas turvas e curvas
por vezes são claras encruzilhadas
por vezes apenas escadas íngremes
e ladeiras que desço descontrolado
e volto sempre ao mesmo sítio
– ao passado –
julgando saber onde estás
saber onde estás
por vezes ficamos frente a frente
e ao ver-te ali
finalmente
onde penso saber que estás
procuro-te
e não te encontro
procuro-te
no mar vasto e imenso
no sol de luz intensa
no vento das palmeiras
nas flores do passeio outrora alegre
na foz na nossa foz
mas o mar dos teus olhos enche-se de lágrimas por ti
o sol esse apolo forte
e altivo recua mais cedo
como se eu fosse atreu ou tiestes
o vento chora murmurando o teu nome em raiva e tristeza
as flores curvam-se numa reza
(e não sabem elas do teu cheiro)
ó meu túnel de saudade
nada tem já forma
nada me deixa ver
e até as palavras essas
que outrora foram minhas amigas
escasseiam quando te (d)escrevo
Ó MINHA ETERNA BONECA DE PORCELANA FINA
nuno m.
5.XI.2022
Comentários
Enviar um comentário